Como captar recursos: o que você precisa saber sobre incubadoras, aceleradoras e fundos de investimento

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Sumário

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Captar recursos é uma das etapas mais desafiadoras — e determinantes — para o crescimento de uma startup. 

Segundo relatório da plataforma Sling Hub, startups da América Latina captaram US$ 5,75 bilhões em 2023, com o Brasil respondendo por 54% desse total. Apesar da retração em relação ao volume registrado em 2021, o país manteve a liderança regional em volume de investimentos e densidade de iniciativas inovadoras, com destaque para os setores de fintechs, healthtechs e edtechs.

Já em 2024, o cenário voltou a apontar para o crescimento. De acordo com levantamento da Liga Ventures, o volume de aportes em startups brasileiras cresceu 50% em relação ao ano anterior, indicando uma retomada no apetite de investidores e uma maior confiança no ecossistema nacional de inovação. 

Nesse contexto, as fintechs se mantiveram como a categoria mais ativa do ecossistema em 2024, seguidas de perto pelas agtechs e healthtechs.

Apesar dessa retomada, captar recursos continua sendo uma jornada complexa. Atrair investidores exige mais do que uma boa ideia: é preciso conhecer os caminhos disponíveis, apresentar indicadores concretos e entender qual tipo de apoio — seja via incubadoras, aceleradoras ou fundos de investimento — se alinha melhor ao estágio da empresa.

Neste artigo, reunimos orientações práticas sobre como conseguir investimento para startup, destacando os principais modelos de apoio disponíveis no Brasil, o que considerar ao buscar capital e como preparar seu negócio para conquistar o interesse de investidores.

A seguir, deixamos algumas informações úteis para te ajudar a entender os diferentes perfis de investidores e as estratégias para aumentar suas chances de captação. Confira!

Como funciona o ciclo de investimento em startups

Antes de buscar investimento, é fundamental entender em que fase sua startup se encontra.

O ciclo de crescimento de uma empresa inovadora costuma ser dividido em estágios, e cada um demanda um tipo diferente de capital e relacionamento com investidores. Essa clareza é essencial para alinhar expectativas e escolher a melhor estratégia de captação.

O primeiro estágio é o da ideação ou pré-seed, em que a startup ainda está desenvolvendo sua proposta de valor e validando o problema que deseja resolver. 

Nessa fase, o investimento costuma vir de fontes mais próximas, como recursos próprios (bootstrapping), amigos, familiares ou investidores-anjo. Em seguida, no estágio seed, a empresa já possui um produto mínimo viável (MVP) e começa a testar sua solução no mercado. Aqui, pode-se buscar apoio de aceleradoras ou fundos especializados em startups em fase inicial.

O estágio de tração marca o momento em que o negócio começa a crescer e precisa de capital para expandir suas operações. 

Nesse ponto, entram os fundos de venture capital (VC), que avaliam indicadores como receita, crescimento da base de clientes e escalabilidade. Já em fases mais avançadas, como série A, B ou C, os aportes costumam ser maiores e envolver fundos institucionais, corporate ventures ou mesmo private equity.

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Imagem gerada pelo Napkin AI

Compreender esse ciclo ajuda o empreendedor a preparar melhor sua abordagem, tanto no discurso quanto na estrutura do negócio, para atrair o tipo certo de investimento no momento certo.

Principais fontes de investimento para startups no Brasil

O ecossistema de inovação no Brasil conta com diferentes mecanismos de apoio que vão além do capital financeiro. Incubadoras, aceleradoras, fundos de investimento e programas públicos de fomento desempenham papéis complementares, oferecendo estrutura, capacitação, rede de contatos e, em alguns casos, acesso direto a investidores.

Ao conhecer melhor essas opções, o empreendedor pode tomar decisões mais estratégicas sobre onde buscar apoio, com base no perfil da sua startup e nas metas de crescimento.

Incubadoras: apoio técnico e estrutura para startups em fase inicial

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As incubadoras têm como principal missão apoiar o desenvolvimento de startups em fases muito iniciais, oferecendo suporte técnico, orientação gerencial e infraestrutura física ou virtual. 

Elas são, em grande parte, vinculadas a instituições de ensino, centros de pesquisa ou órgãos de fomento regionais, como universidades e parques tecnológicos.

O processo de incubação normalmente envolve seleção por edital, com critérios que avaliam o potencial de inovação, viabilidade técnica e aderência ao perfil da incubadora

Uma vez selecionada, a startup recebe acompanhamento especializado, mentoria, acesso a laboratórios, escritórios compartilhados, além de capacitações voltadas à modelagem de negócios, marketing, finanças e aspectos jurídicos.

Embora o objetivo das incubadoras não seja necessariamente investir capital direto na empresa, sua atuação tem impacto significativo na preparação para fases posteriores de captação, fortalecendo a estrutura do negócio e aumentando sua atratividade para investidores externos.

Aceleradoras: impulso estratégico e acesso a investidores

As aceleradoras atuam em uma fase posterior à das incubadoras e têm como foco acelerar o crescimento de startups que já possuem um produto validado e algum nível de tração no mercado. 

Elas oferecem programas intensivos com duração média de três a seis meses, que combinam mentorias, treinamentos, networking e, em muitos casos, aportes financeiros em troca de participação societária.

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Ao contrário das incubadoras, as aceleradoras têm uma atuação mais voltada ao mercado e à preparação da startup para rodadas de investimento. Durante o processo de aceleração, os empreendedores recebem apoio direto para refinar o modelo de negócios, ajustar estratégias de marketing e vendas, melhorar indicadores financeiros e estruturar o pitch para investidores.

Além disso, as aceleradoras costumam manter redes consolidadas de contatos com fundos de venture capital, investidores-anjo e grandes empresas, facilitando o acesso a novas rodadas de captação. 

É comum que ao final do programa ocorra um demo day, evento em que as startups apresentam seus resultados para potenciais investidores. Participar de uma aceleradora pode ser um passo decisivo para startups que buscam ganhar visibilidade, maturidade operacional e acesso rápido ao ecossistema de capital de risco.

Fundos de investimento: capital para startups com potencial de escala

Os fundos de investimento, especialmente os de venture capital (VC), são uma das principais fontes de capital para startups em fase de expansão

Diferente das incubadoras e aceleradoras, que oferecem apoio mais amplo e formativo, os fundos atuam de forma mais direta na alocação de recursos financeiros, com foco em negócios que já demonstraram tração e têm potencial de escala rápida.

Esses fundos costumam operar em diferentes estágios, desde o pré-seed até rodadas mais avançadas (como Série A, B ou C), e investem em troca de participação societária. 

Além do aporte, muitos fundos também oferecem acompanhamento estratégico, apoio na governança e conexões com o mercado — especialmente em fases posteriores, onde a exigência por resultados concretos é maior.

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Para captar esse tipo de investimento, a startup precisa estar preparada para apresentar dados consistentes, como crescimento da receita, custo de aquisição de cliente (CAC), valor do tempo de vida do cliente (LTV), e projeções realistas. Fundos de investimento valorizam negócios com times complementares, mercado-alvo bem definido e uma proposta de valor que se destaque da concorrência.

Por se tratarem de aportes mais robustos, os processos de due diligence são detalhados e podem levar semanas ou meses. Ter uma estrutura jurídica e contábil organizada, bem como uma governança minimamente estruturada, é essencial para avançar nessas negociações.

Fontes complementares: capital público e fomento à inovação

Além das iniciativas privadas, o Brasil conta com diversas políticas públicas e programas de fomento voltados ao apoio financeiro de startups e negócios inovadores. 

Esses recursos, muitas vezes oriundos de agências governamentais, bancos de desenvolvimento ou editais de incentivo à pesquisa e tecnologia, são uma alternativa importante para quem busca investimento sem necessariamente ceder participação societária.

Entre as principais fontes estão a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), que oferece linhas de crédito e subvenção econômica para inovação, e o BNDES, com programas voltados ao apoio de micro e pequenas empresas em estágio de crescimento tecnológico. Também é possível acessar recursos por meio de editais estaduais, programas de incubação pública e parcerias com universidades e institutos de pesquisa.

Esses mecanismos costumam ter critérios específicos de elegibilidade, incluindo a aderência ao tema proposto, o grau de inovação, o impacto socioeconômico e a capacidade de execução do projeto. Em alguns casos, o apoio não se dá em forma de capital direto, mas por meio de bolsas, infraestrutura ou capacitação técnica.

Para muitos empreendedores, essas fontes representam a primeira porta de entrada para validação e estruturação do negócio, além de servirem como um selo de credibilidade frente a futuros investidores privados.

O que investidores realmente buscam em uma startup?

Independentemente da fonte de capital, entender o que investidores valorizam em uma startup é um passo essencial para quem deseja captar recursos. O processo de decisão de investimento vai além da ideia: envolve uma análise criteriosa da execução, do mercado e do potencial de retorno.

Um dos primeiros pontos observados é a capacidade do time fundador. Investidores buscam empreendedores comprometidos, com conhecimento técnico e visão de negócio, capazes de liderar o crescimento da empresa mesmo diante de obstáculos. 

Times complementares — com habilidades em gestão, produto, tecnologia e vendas — são especialmente valorizados. Outro fator determinante é a validação da solução no mercado. Startups com produto mínimo viável testado, feedbacks reais de clientes e sinais iniciais de tração demonstram maturidade e reduzem o risco percebido pelo investidor. 

Métricas como crescimento de receita, retenção de clientes e escalabilidade do modelo de negócios ganham peso na análise. Além disso, investidores consideram o tamanho do mercado potencial e o diferencial competitivo da proposta. 

Negócios que atuam em mercados amplos, com possibilidade de expansão e um posicionamento claro frente à concorrência, têm maior apelo. Por fim, a clareza estratégica também é um critério decisivo. Isso inclui projeções financeiras realistas, entendimento do setor, plano de uso dos recursos e um pitch bem estruturado. 

Um investidor precisa visualizar não só o potencial de crescimento, mas também os caminhos para monetização e retorno do capital investido.

Concluindo: fortaleça sua jornada rumo ao investimento com o Sebrae RN

Você já entendeu que a captação de recursos é um processo que exige preparo, estratégia e conhecimento sobre os caminhos disponíveis

Desde o apoio estrutural de incubadoras, passando pela aceleração de negócios com potencial de crescimento, até os fundos privados ou programas públicos de fomento, o ecossistema oferece diferentes alternativas para cada estágio da jornada empreendedora.

Entender essas dinâmicas aumenta significativamente as chances de obter os recursos necessários para transformar ideias em negócios sustentáveis e escaláveis.

Se você está em busca de apoio para desenvolver sua startup e se conectar com oportunidades de investimento, conheça o Hub de Inovação do Sebrae-RN. Lá, você encontra orientação especializada, acesso a programas de capacitação e uma rede de parceiros que pode fazer a diferença no seu crescimento.

Hub Sebrae RN

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Sobre o autor

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Ana Débora

Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, especialista em Gestão de Pessoas e Marketing. Atua na Unidade de Soluções e Relacionamento e é gestora das Mídias Sociais do Sebrae/RN.