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Tendências na Aquicultura: O que esperar do setor no Brasil

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Sumário

Diante de um contexto cada vez mais guiado pelas preferências do consumidor, a indústria do pescado se depara com desafios distintos e oportunidades singulares. Ao longo das últimas décadas, o cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos, algas e crustáceos, tem experimentado um notável crescimento, tornando-se uma fonte relevante de emprego e renda.

Segundo dados do IBGE, entre 2013 e 2022, a produção aquícola brasileira aumentou 55%, atingindo cerca de 739 mil toneladas no período. A edição 2023 do Boletim da Aquicultura em Águas da União constatou o crescimento acelerado do setor nos últimos anos, com uma produção de 119,4 mil toneladas apenas em 2022 – um aumento de 25% em relação a 2021.

Esse crescimento se deve – em grande medida – à expansão da tilápia. Além disso, alguns dos maiores responsáveis pelo avanço são as características do nosso território: o clima tropical e a vasta extensão territorial do Brasil – uma vez que possuímos uma costa marítima de 8.500 km e 12% da água doce disponível no planeta.

Atualmente, o potencial brasileiro na aquicultura é globalmente reconhecido, uma vez que pode ser implementada tanto em ambientes de água salgada quanto doce, ambos amplamente disponíveis em território nacional.

Exploramos a seguir algumas das principais tendências que prometem impactar a aquicultura no Brasil nos próximos anos. Confira!

Aquicultura em água doce ou água salgada?

Diferenciar a aquicultura de água doce e salgada envolve considerações anatômicas, fisiológicas e, crucialmente, a salinidade da água. Na aquicultura de água doce, a criação ocorre em viveiros, tanques-rede, ou em sistemas de recirculação de água e bioflocos.

Já a aquicultura de água salgada, como a piscicultura marinha, é realizada em tanques-rede, enquanto a criação de mariscos, como ostras e mexilhões, ocorre diretamente no ambiente marinho. A carcinicultura (criação de camarões) opta por viveiros próximos ao litoral ou sistemas de bioflocos em regiões mais afastadas.

No cenário brasileiro, diversas modalidades de aquicultura coexistem, como piscicultura (peixes), algicultura (algas), malacocultura (ostras, mexilhões e moluscos), carnicicultura (camaões), ranicultura (rãs), e quelonicultura (tartarugas e tracajás). A escolha da modalidade ideal para empreender deve levar em conta fatores como tipo de espécie a ser cultivada, região, infraestrutura necessária e demanda do mercado consumidor.

Em termos de localização no Brasil, as regiões Norte destacam-se por criações de tambaqui e pirapitinga, o Nordeste pela produção de camarão marinho e tilápia, o Sudeste por tilápia, pintados e pacu, o Centro-Oeste por pacu, pintados e tambaqui, e o Sul por carpas, ostras, mexilhões e jundiá. Essas especificidades regionais influenciam significativamente a escolha da cultura aquática mais adequada para o empreendedor.

Digitalização e tecnologia na gestão aquícola

A tecnologia emergirá como catalisadora de mudanças significativas na gestão aquícola. Sistemas avançados de monitoramento da água, sensores e tanques inteligentes e análise de dados serão integrados para otimizar operações. 

A rastreabilidade digital permitirá um acompanhamento preciso do ciclo de vida dos peixes, contribuindo para a eficiência operacional e a qualidade do produto final.

Inteligência Artificial na aquicultura 

A incorporação de inteligência artificial na aquicultura será determinante para impulsionar a indústria em direção a práticas mais eficientes, sustentáveis e adaptáveis. Essa convergência de tecnologia avançada com a produção aquática oferece benefícios significativos, abrindo caminho para uma gestão mais precisa e inteligente dos recursos. 

Controle de parâmetros ambientais: Sensores conectados alimentam dados para algoritmos de IA, permitindo a análise instantânea de fatores como temperatura, pH, níveis de oxigênio e qualidade da água. Isso não apenas otimiza as condições de cultivo, mas também ajuda a prever e mitigar problemas antes que impactem negativamente a produção.

Diagnóstico de espécies: Sistemas de IA são empregados para monitorar a saúde dos peixes, detectando sinais precoces de doenças. Algoritmos analisam padrões de comportamento, imagens ou amostras para identificar potenciais problemas de saúde. Essa abordagem antecipada permite a implementação de medidas preventivas, reduzindo a necessidade de tratamentos agressivos e minimizando perdas.

Otimização da alimentação: Melhorias a partir de dados coletados com auxílio de IA sobre: comportamento alimentar das espécies, condições ambientais e composição nutricional dos alimentos. Essa análise dinâmica permite ajustes precisos nas práticas de alimentação, reduzindo o desperdício de ração e otimizando o crescimento da produção.

Modelagem preditiva: Algoritmos de IA são empregados em modelos preditivos que consideram variáveis complexas, como condições climáticas, sazonalidade e características específicas do local de cultivo. Esses modelos ajudam os produtores a antecipar variações no ambiente e a ajustar suas práticas de manejo, promovendo uma produção mais resiliente e adaptável.

Aquicultura de precisão: A IA viabiliza a aquicultura de precisão, personalizando as práticas de cultivo com base em dados específicos. Isso inclui a adaptação da densidade populacional, taxa de alimentação e outros parâmetros de cultivo de acordo com as necessidades específicas de cada espécie e ambiente, resultando em uma produção mais eficiente e sustentável.

Aquicultura-tendências para o setor no RN - SEBRAE RN

Monitoramento subaquático: Sistemas de IA aplicados a imagens e vídeos subaquáticos permitem um monitoramento contínuo e detalhado do comportamento dos organismos aquáticos. Essa tecnologia é valiosa para avaliar o crescimento, comportamento social e condições gerais dos peixes, proporcionando insights valiosos para otimizar as práticas de manejo.

Dados para tomada de decisões: Ao processar grandes volumes de dados provenientes de diversas fontes, a IA capacita os produtores a tomar decisões informadas e estratégicas. Isso inclui escolhas relacionadas a práticas de cultivo, investimentos em tecnologia e estratégias de mercado, contribuindo para a sustentabilidade e o sucesso econômico da operação.

Sustentabilidade e certificações ambientais

Em 2024, a sustentabilidade se consolidará como pilar fundamental na aquicultura. Produtores buscarão certificações ambientais para validar práticas sustentáveis. 

A busca por produtos sustentáveis e éticos tem se tornado uma prioridade para os consumidores. Nesse contexto, as certificações sustentáveis emergem como um diferencial competitivo. Produtores de todos os tamanhos podem adotar práticas eco-amigáveis, obtendo certificações que não só atraem os consumidores conscientes, mas também abrem portas para novos mercados.

O processo de certificação possibilita a identificação de indústrias pesqueiras que adotam práticas internacionalmente recomendadas, evidenciadas por selos de pesca ecológica. Isso assegura aos consumidores a garantia de estarem adquirindo produtos capturados de maneira sustentável.

Aquicultura orgânica 

A demanda por produtos orgânicos tende a crescer nos próximos anos, impulsionada pelo consumidor consciente. A aquicultura orgânica, que minimiza o uso de produtos químicos e promove práticas ecologicamente corretas, ganhará espaço no mercado, refletindo a busca por opções mais saudáveis e sustentáveis.

Diversificação de espécies e mercados

O setor de aquicultura brasileira vem explorando novas oportunidades através da diversificação das espécies cultivadas. A introdução de diversas espécies na aquicultura contribui para a estabilidade ecológica, reduzindo os riscos associados a monoculturas. 

Além disso, a escolha criteriosa de espécies adaptadas ao ambiente local e às condições de cultivo específicas permite uma gestão mais eficiente e sustentável. A busca por mercados internacionais tende a ser intensificada, com um foco especial na abertura de novos acordos comerciais e na reabertura do mercado europeu.

Conte com o suporte para aquicultores no Sebrae RN

A adoção proativa dessas inovações não apenas impulsiona a competitividade no mercado, mas também contribui para a construção de uma indústria aquícola potiguar resiliente, eficiente e ambientalmente consciente.

O Sebrae-RN desempenha um papel crucial no apoio aos empreendedores da aquicultura, oferecendo cursos, manuais técnicos e consultorias especializadas. Esses recursos capacitam os empreendedores a aprimorar suas habilidades, implementar práticas inovadoras e superar desafios específicos do setor. 

Além disso, o Sebrae proporciona acesso a redes, parcerias e eventos específicos para a aquicultura, promovendo o compartilhamento de conhecimentos e oportunidades de negócios. Nosso compromisso é impulsionar o sucesso e a sustentabilidade dos negócios na aquicultura potiguar.

 → Conheça mais sobre nossas iniciativas para o setor da Aquicultura AQUI

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Sobre o autor

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Ana Débora

Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, especialista em Gestão de Pessoas e Marketing. Atua na Unidade de Soluções e Relacionamento e é gestora das Mídias Sociais do Sebrae/RN.

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