Empreender após os 40: guia de transição de carreira

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Sumário

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Ainda dá tempo de começar algo novo aos 40, 50 ou até 60 anos? Essa é uma pergunta comum em tempos de transformações constantes no mercado de trabalho e mudanças no estilo de vida. A boa notícia é que nunca se falou tanto sobre o potencial do empreendedorismo maduro no Brasil — seja por necessidade, por vocação ou pelo desejo de transformar experiências acumuladas em um novo propósito de vida.

Dados da pesquisa GEM 2023, realizada pelo Sebrae em parceria com a Anegepe, mostram que os empreendedores com mais de 45 anos representam 54,8% dos negócios estabelecidos no país (com mais de 3,5 anos de existência). Esse grupo apresenta as maiores taxas de longevidade dos negócios, especialmente na faixa de 55 a 64 anos, que concentra 28,7% dos empreendedores estabelecidos.

Além disso, mais de 2,2 milhões de pequenos negócios no Brasil são liderados por pessoas com mais de 65 anos. O segmento faz parte da chamada economia prateada, que já movimenta cerca de R$ 2 trilhões por ano no país.

Esses números reforçam que empreender após os 40 não só é viável, como pode ser uma decisão estratégica — especialmente em um cenário onde a longevidade aumenta, as aposentadorias são postergadas, e cresce o desejo de trabalhar com mais liberdade e propósito.

Neste guia, vamos explorar os principais pontos para quem deseja fazer uma transição de carreira para o empreendedorismo após os 40 anos. Você vai encontrar reflexões sobre mindset para essa nova fase, setores promissores, cuidados financeiros, além de cases reais de quem já fez essa mudança e orientações práticas para começar com segurança.

Mindset para a nova fase: o que ter em mente para empreender após os 40?

Empreender após os 40 exige, antes de tudo, uma mudança de mentalidade. Muitas pessoas carregam a ideia de que é “tarde demais” para recomeçar, mas a verdade é que essa fase da vida pode ser um momento estratégico para iniciar um negócio, com mais clareza, foco e maturidade emocional.

O primeiro passo é encarar a transição como uma evolução, não como um recomeço do zero. Toda a bagagem profissional acumulada até aqui — habilidades técnicas, vivência em equipe, resolução de problemas, rede de contatos — é um diferencial competitivo. O que muda é o papel que se ocupa: de colaborador para empreendedor.

Também é essencial adotar uma postura de aprendizado contínuo. O mercado está em constante transformação, e estar aberto a novas ferramentas, como marketing digital, inteligência artificial e gestão financeira, é fundamental para manter a competitividade. Um bom exemplo é o uso de tecnologias como o ChatGPT no Instagram, que tem ajudado pequenos negócios a aumentarem o engajamento e automatizarem tarefas de comunicação.

Por fim, é importante desenvolver a resiliência e a capacidade de lidar com riscos e incertezas, comuns nos primeiros anos de um novo negócio. Buscar apoio em redes de mentoria, grupos de empreendedores ou no Sebrae pode ajudar a manter o foco e tomar decisões mais assertivas.

Setores promissores para quem busca empreender após os 40 

Escolher um setor de atuação alinhado ao seu perfil e às demandas do mercado é uma etapa estratégica. A maturidade traz conhecimento de nichos específicos, e essa experiência pode ser aplicada com sucesso em áreas que estão em expansão.

Entre os segmentos mais promissores para quem empreende após os 40, destacam-se:

  • Alimentação saudável e produção artesanal: com o crescimento da preocupação com saúde e bem-estar, negócios ligados a produtos naturais, veganos, orgânicos e feitos à mão têm ganhado espaço.
  • Educação e consultoria: profissionais com ampla experiência acumulada podem atuar como mentores, instrutores ou consultores, ajudando outras pessoas ou empresas a se desenvolverem.
  • Serviços para terceira idade: com o envelhecimento da população brasileira, há demanda crescente por serviços voltados à qualidade de vida de idosos, como cuidados domiciliares, atividades físicas e lazer.
  • Tecnologia e negócios digitais: mesmo para quem não é nativo digital, existem oportunidades em e-commerce, produção de conteúdo e infoprodutos — áreas que permitem começar com baixo investimento.
  • Economia criativa: artesanato, design, moda autoral, música e literatura são caminhos possíveis para quem quer transformar uma paixão em fonte de renda.

Além disso, é essencial estudar a viabilidade do negócio e planejar sua estrutura com cuidado. Para isso, ferramentas como o Planejamento Estratégico para MEI podem ajudar a traçar objetivos, entender o mercado e definir ações práticas.

Inspiração real: histórias de quem começou a empreender após os 40 e fez história

Muita gente ainda carrega a ideia de que existe uma idade “certa” para empreender ou alcançar grandes conquistas. Mas basta olhar a trajetória de alguns dos nomes mais influentes do mundo dos negócios e da criatividade para ver que isso não é verdade. 

Muitos deles só encontraram seu verdadeiro caminho depois dos 40 — e se tornaram referências globais.

Veja alguns exemplos:

Stan Lee

Criador de personagens como Homem-Aranha e X-Men, Stan Lee escreveu sua primeira grande história aos 39 anos. Mas foi só depois dos 40 que ajudou a transformar a Marvel Comics em um império do entretenimento mundial. Sua história mostra que criatividade e inovação não têm prazo de validade.

Coronel Sanders (KFC)

O fundador da rede de fast food KFC começou a vender sua famosa receita de frango aos 40 anos, mas só viu o negócio deslanchar aos 65. Hoje, seu rosto estampa uma das marcas mais reconhecidas do mundo. Resiliência foi seu maior tempero.

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Vera Wang

Antes dos 40, Vera Wang trabalhou como editora de moda. Só aos 41 decidiu criar sua primeira coleção de vestidos de noiva — e construiu um dos maiores impérios da moda de luxo. Hoje, continua ativa e referência no setor, provando que mudar de rota é sempre possível.

Ana Maria Braga

Apesar de já atuar no jornalismo, Ana Maria só se tornou nacionalmente conhecida como apresentadora aos 43 anos, com o programa Note e Anote. Desde então, se tornou uma das figuras mais influentes da TV brasileira — e também uma empreendedora respeitada no ramo editorial e de produtos licenciados.

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Essas trajetórias mostram que não existe “idade certa” para empreender, inovar ou recomeçar. Existe o momento certo para você — e ele pode ser agora.

Organize suas finanças: Empreender após os 40 exige segurança e pé no chão

Um dos principais fatores que definem o sucesso (ou o fracasso) de um novo negócio é o planejamento financeiro. Para quem decide empreender após os 40, esse cuidado é ainda mais importante, já que muitos estão deixando uma carreira estável, uma reserva de aposentadoria ou assumindo novos riscos depois de décadas no mercado formal.

O primeiro passo é entender o seu ponto de partida: quanto você tem disponível para investir? É possível começar aos poucos, em paralelo a outra fonte de renda? Fazer esse diagnóstico evita comprometer o orçamento pessoal ou tomar decisões impulsivas.

Depois, é hora de separar as finanças pessoais das do negócio. Isso significa definir um pró-labore (remuneração do empreendedor), registrar receitas e despesas com clareza e manter o controle do fluxo de caixa desde o início. Aplicativos simples ou planilhas do Sebrae já ajudam muito nesse processo.

Também é importante considerar um capital de giro mínimo para manter o funcionamento da empresa nos primeiros meses, quando o faturamento ainda pode ser irregular. E sempre que possível, evite começar com dívidas — priorize investimentos enxutos e modelos de negócio que permitam crescer de forma gradual.

Se precisar de ajuda para montar esse plano financeiro, o Sebrae oferece consultorias especializadas que orientam desde a precificação até a análise de viabilidade. Assim, você começa com mais segurança e confiança.

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Sobre o autor

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Ana Débora

Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, especialista em Gestão de Pessoas e Marketing. Atua na Unidade de Soluções e Relacionamento e é gestora das Mídias Sociais do Sebrae/RN.