MEI para LTDA: quando vale a pena migrar e como fazer a transição

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Sumário

Começar como Microempreendedor Individual (MEI) é uma escolha comum entre quem quer formalizar um negócio de forma simples e com baixo custo. No entanto, à medida que o empreendimento cresce, surgem novas demandas que esse modelo não consegue mais atender — como aumento no faturamento, inclusão de sócios ou ampliação das atividades.

Segundo a Receita Federal, cerca de 570 mil microempreendedores foram desenquadrados do MEI em 2024 por ultrapassarem o limite anual de R$ 81 mil, número quase 30 vezes maior do que no ano anterior.

Esse movimento acende o alerta para quem está próximo do teto ou já sente que o atual enquadramento limita o crescimento do negócio. Mas afinal, quando vale a pena deixar de ser MEI? O que muda na prática ao migrar para uma empresa LTDA no Simples Nacional?

Nas próximas seções, você vai entender os fatores que indicam a hora certa de fazer essa mudança — e como conduzi-la com segurança.

O que é uma LTDA e como ela se diferencia do MEI

A LTDA (Sociedade Limitada) é um dos tipos jurídicos mais adotados por empresas no Brasil. Essa estrutura permite a formação de um negócio com um ou mais sócios e garante que a responsabilidade de cada um esteja limitada ao valor investido no capital social da empresa. 

Isso significa que, em caso de dívidas, o patrimônio pessoal dos sócios geralmente não é comprometido.

Já o MEI (Microempreendedor Individual) é um modelo simplificado, voltado a quem está começando e quer formalizar um negócio com menos burocracia. Ele se limita a um faturamento anual de R$ 81 mil, permite apenas um funcionário e restringe a atuação a uma lista específica de atividades econômicas.

Entre as principais diferenças entre MEI e LTDA, estão:

  • Faturamento: MEI pode faturar até R$ 81 mil por ano; a LTDA, no Simples Nacional, até R$ 4,8 milhões.
  • Sociedade: o MEI é individual; a LTDA pode ter um ou mais sócios.
  • Funcionários: o MEI pode ter apenas um colaborador; a LTDA pode contratar conforme a necessidade.
  • Obrigações fiscais: a LTDA exige escrituração contábil e cumprimento de mais obrigações acessórias.
  • Atividades permitidas: o MEI é restrito a uma lista de CNAEs; a LTDA pode atuar em praticamente todos os setores.

A escolha entre MEI ou LTDA depende da fase do negócio. Quando o crescimento exige mais estrutura e flexibilidade, a migração pode ser o caminho natural.

Migrando de MEI para LTDA: principais diferenças entre os regimes

Compreender as diferenças entre os regimes ajuda o empreendedor a tomar decisões estratégicas. Veja um comparativo direto entre os dois modelos:

CaracterísticaMEILTDA (Simples Nacional)
Limite de faturamento anualR$ 81.000R$ 4.800.000
Número de sóciosApenas 1 (individual)1 ou mais
Funcionários1 funcionárioSem limite específico
Contador obrigatórioNãoSim
Emissão de NFObrigatória apenas para PJObrigatória em todas as vendas/serviços
CNAEs permitidosLimitado a lista do MEIAmpla variedade de atividades

Essa comparação mostra por que tantos empreendedores que começaram como MEI decidem migrar para LTDA ao atingirem novos estágios de crescimento.

Vantagens e desafios da migração de MEI para LTDA

A mudança de MEI para LTDA abre novas possibilidades, mas também envolve mais responsabilidades. Avaliar os dois lados é fundamental para decidir com segurança.

Vantagens da migração

  • Mais margem de faturamento: ideal para negócios que estão crescendo ou que fecharam contratos maiores.
  • Inclusão de sócios: viabiliza parcerias estratégicas e expansão mais planejada.
  • Acesso a novos mercados: facilita a participação em licitações públicas e contratos com grandes empresas.
  • Maior profissionalização: o novo modelo exige práticas contábeis e jurídicas mais formais, o que contribui para a organização e credibilidade do negócio.
  • Possibilidade de contratar mais funcionários: melhora a capacidade operacional da empresa.

Desafios e cuidados

  • Custo operacional maior: além dos impostos, há custos com contabilidade e taxas.
  • Burocracia fiscal: obrigações como escrituração contábil e entrega de declarações mensais passam a ser exigidas.
  • Planejamento tributário: a carga de impostos pode variar conforme a atividade, a faixa de faturamento e o regime escolhido.

Mesmo com os desafios, a mudança costuma valer a pena para quem busca crescimento sustentável.

Como fazer a migração de MEI para LTDA: passo a passo

A migração de MEI para LTDA não é automática. O processo exige atenção a etapas legais e contábeis. Abaixo, mostramos o passo a passo básico para fazer essa transição com segurança:

  1. Planejamento tributário
    Antes de iniciar o processo, consulte um contador para avaliar qual regime tributário será mais vantajoso (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real) e simular os impactos da mudança.
  2. Baixa do MEI
    Acesse o Portal do Empreendedor e solicite a baixa do registro MEI. Isso encerra as obrigações com o CNPJ atual.
  3. Abertura de nova empresa
    A LTDA precisa ser registrada na Junta Comercial do estado. É necessário elaborar o contrato social e definir os sócios, capital social e atividades econômicas (CNAEs).
  4. Inscrição estadual ou municipal
    Dependendo da atividade da empresa, será preciso solicitar inscrição nos órgãos estaduais (como a Secretaria da Fazenda) ou municipais (prefeitura).
  5. Obtenção de licenças e alvarás
    As licenças variam conforme o tipo de atividade. Um contador ou escritório de contabilidade pode orientar sobre as exigências locais.
  6. Emissão de notas fiscais e cadastro no Simples Nacional
    Após a abertura, a empresa poderá solicitar o enquadramento no Simples Nacional (caso atenda aos critérios). Também é preciso habilitar a emissão de notas fiscais eletrônicas.

Esse processo pode levar de 10 a 30 dias, dependendo do estado e da complexidade do negócio. O apoio de um contador experiente é essencial para evitar erros.

É obrigatório migrar de MEI para LTDA?

Sim, em algumas situações a migração de MEI para outro regime é obrigatória. Os principais motivos de desenquadramento do MEI são:

  • Faturamento anual superior a R$ 81 mil;
  • Inclusão de sócios ou participação em outras empresas;
  • Realização de atividade econômica não permitida ao MEI;
  • Contratação de mais de um funcionário;
  • Exigência contratual de um cliente para atuar como empresa com regime mais robusto.

Nesses casos, o não enquadramento correto pode gerar multas, cobrança retroativa de impostos e até o cancelamento do CNPJ.

É possível manter o mesmo CNPJ ao sair do MEI?

Não. A legislação atual não permite a transformação direta de um CNPJ de MEI para LTDA. O procedimento exige o encerramento do MEI e a abertura de uma nova empresa com novo CNPJ.

Isso significa que a empresa precisa:

  • Encerrar formalmente o MEI;
  • Abrir uma nova LTDA com todos os registros;
  • Reconfigurar contas bancárias, contratos e cadastros, se necessário.

Embora burocrático, esse processo garante que a nova empresa atue dentro da legalidade e com o enquadramento adequado ao seu porte e estrutura.

Conclusão: como dar o próximo passo com segurança

A migração de MEI para LTDA é um movimento cada vez mais comum no Brasil. O importante é não ignorar os sinais de crescimento e entender que, com mais estrutura, vêm também novas responsabilidades.

E se você tiver dúvidas, não precisa enfrentar esse processo sozinho!

O Sebrae está pronto para te apoiar em qualquer fase da sua jornada empreendedora — seja para abrir sua empresa, mudar de categoria ou entender o melhor caminho para crescer de forma estruturada. 

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Sobre o autor

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Ana Débora

Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, especialista em Gestão de Pessoas e Marketing. Atua na Unidade de Soluções e Relacionamento e é gestora das Mídias Sociais do Sebrae/RN.