Nos últimos anos, o empreendedorismo feminino tem ganhado cada vez mais destaque e relevância no Brasil. Segundo dados da pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo 2023 (Global Entrepreneurship Monitor – GEM), entre os 47,7 milhões de brasileiros com intenção de empreender até 2026, as mulheres representaram 54,6%.
Esses dados contrastam com a pesquisa de 2022, em que os homens lideravam com 55% desse grupo. Já o relatório técnico do Sebrae sobre o Empreendedorismo Feminino divulgado em 2024 aponta 30 milhões de empreendedores no Brasil. Deste total, as mulheres somam mais de 10 milhões à frente do próprio negócio.
Apesar do crescimento expressivo, elas ainda enfrentam diversos desafios, como a dificuldade de acesso a crédito, a sobrecarga do trabalho doméstico e a falta de representatividade em cargos de liderança.
Contudo, o mundo digital tem sido um grande aliado nos últimos anos, oferecendo novas oportunidades de mercado para quem deseja expandir seus negócios, mesmo com recursos limitados.
Neste material, vamos explorar mais sobre o universo do empreendedorismo feminino e, principalmente, como você pode superar as barreiras e utilizar as ferramentas certas para alcançar o sucesso no mercado. Confira!
O que queremos dizer ao falar sobre empreendedorismo feminino?
Empreendedorismo feminino se refere à criação e gestão de negócios liderados por mulheres, muitas vezes com o objetivo de transformar suas realidades econômicas e sociais.
Ele também está associado à promoção de uma maior equidade de gênero no mercado de trabalho, ao aumentar a representatividade das mulheres no setor empresarial e criar condições para o empoderamento econômico.
No entanto, mais do que isso, o empreendedorismo feminino é uma forma de gerar impacto social. Empresas lideradas por mulheres tendem a valorizar mais a diversidade, a responsabilidade social e a sustentabilidade, criando uma rede de apoio que se estende para além dos lucros financeiros.
Breve história do empreendedorismo feminino no Brasil
A história do empreendedorismo feminino é marcada por uma luta contínua por espaço e reconhecimento no mundo dos negócios. A Revolução Industrial foi um importante marco que aumentou significativamente o número de mulheres nas fábricas, embora enfrentassem jornadas longas e salários desiguais.
No final do século XIX, começaram a surgir reivindicações por direitos trabalhistas e igualdade nas jornadas. Mesmo com o emprego nas indústrias, muitas mulheres continuaram acumulando as responsabilidades domésticas, iniciando a realidade da dupla jornada.
No início do século XX, o empreendedorismo feminino ainda era raro e pouco reconhecido. As oportunidades eram limitadas e o preconceito de gênero era uma barreira constante. Durante a 1ª e a 2ª guerra mundial, a ausência dos homens enviados ao combate e o elevado número de mortos tornaram essencial a contratação de mulheres.
Com isso, elas passaram a desempenhar diversas funções antes reservadas aos homens. Esse período marcou um ponto de inflexão, pois, pela primeira vez, elas assumiram papéis mais ativos no mercado de trabalho. Embora a maioria tenha retornado aos lares após o conflito, essa experiência plantou as sementes para a emancipação econômica das mulheres.
Foi nesse período que surgiram os primeiros movimentos feministas, com uma luta mais organizada por direitos e igualdade de oportunidades. No Brasil, a inserção mais marcante das mulheres no mercado de trabalho ocorreu após os anos 1970, acompanhada pelo fortalecimento de movimentos sindicais e feministas.
Em especial, o desenvolvimento de métodos contraceptivos, como o uso do anticoncepcional, permitiu que as mulheres passaram a ter mais controle sobre quantos filhos queriam ter, quando tê-los e, se desejassem, podiam conciliar a vida profissional com a familiar.
Passaram a surgir mais iniciativas voltadas ao fortalecimento do empreendedorismo feminino, programas de capacitação e redes de apoio foram criados – permitindo que as mulheres começassem a estruturar seus negócios. Com isso, ao final dos anos 80, mais de um terço da população economicamente ativa era composto por mulheres.
A Constituição de 1988 garantiu a igualdade jurídica entre homens e mulheres, e a partir dos anos 1990, o cenário passou por uma transformação ainda mais significativa. Com com as inovações tecnológicas, o capitalismo e a globalização, muitas mulheres encontraram no ambiente digital um espaço para iniciar e expandir seus negócios, superando as barreiras geográficas e culturais.
Hoje, também ocupam cada vez mais posições de liderança e profissões técnicas, impulsionadas por fatores econômicos e culturais ao longo dos últimos 50 anos.
No entanto, foi em 2014 que o empreendedorismo feminino recebeu um importante marco: a criação do Dia do Empreendedorismo Feminino pela ONU em parceria com a ONU Mulheres. Celebrado em 19 de novembro, a data tem como objetivo fortalecer a participação feminina no mercado de trabalho e combater o preconceito de gênero.
Durante o evento de lançamento, mais de 150 países se reuniram para discutir formas de combater a desigualdade salarial e aumentar o protagonismo das mulheres nos negócios. Desde então, a data se tornou um símbolo da luta por mais oportunidades para as mulheres empreendedoras.
Desafios do empreendedorismo feminino no Brasil e como começar a superá-los
Apesar do aumento significativo de mulheres à frente de negócios, as empreendedoras ainda enfrentam obstáculos que dificultam seu desenvolvimento. O acesso a capital para iniciar ou expandir um negócio é um dos maiores.
Muitas enfrentam dificuldades em garantir linhas de crédito com condições favoráveis ou em acessar investimentos de risco. Uma pesquisa recente do Instituto Rede Mulher Empreendedora aponta que 42% das empreendedoras brasileiras que solicitaram crédito tiveram seus pedidos negados em 2023.
O We Cities, estudo divulgado pela Dell Technologies destaca que a carga burocrática – como o tempo e a quantidade de trâmites para abrir um negócio – altos impostos corporativos, e um sistema tributário complexo também são apontados como grandes dificultadores do empreendedorismo feminino.
É fundamental destacar também a sobrecarga do trabalho doméstico como um fator que ainda impacta diretamente o desempenho das mulheres empreendedoras. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as brasileiras dedicam, em média, 9,6 horas horas semanais a mais que os homens nessas atividades.
Dessa forma, as mulheres reduzem consideravelmente o tempo disponível para seus negócios para se dedicar aos cuidados com a casa e a família. Um fator que só pode ser enfrentado com a promoção de uma divisão mais justa dessas responsabilidades entre gêneros.
Com isso, vemos que para enfrentar esses desafios é importante pensar soluções que reduzam essas barreiras estruturais. Uma das principais demandas é a facilitação do acesso ao crédito, seja com linhas específicas ou condições diferenciadas, como taxas de juros reduzidas e prazos de pagamento mais flexíveis.
Programas de capacitação financeira também podem ser ótimas opções para ajudar as empreendedoras a estruturar seus negócios e aumentar as chances de acesso a crédito e investimentos.
É fundamental promover a inclusão por meio de programas de mentoria e redes de apoio para mulheres empreendedoras. Superar esses desafios requer um esforço conjunto de instituições financeiras, governo, empresas e sociedade, para criar um ecossistema mais inclusivo e favorável ao crescimento do empreendedorismo feminino.
Somente juntos podemos tornar isso possível!
5 ideias de negócio para mulheres que querem começar a empreender
Para mulheres que desejam iniciar no mundo do empreendedorismo, há diversas oportunidades em diferentes setores.
Separamos a seguir algumas ideias de negócio que podem servir como ponto de partida – e o melhor, muitas delas trabalhando de casa.
1. Consultoria ou mentoria
Se você tem expertise em uma área específica, como marketing, finanças ou gestão de pessoas, oferecer serviços de consultoria pode ser uma excelente opção.
Com a demanda crescente por soluções especializadas, a consultoria permite que você compartilhe seu conhecimento, ajudando outras empresas e empreendedores a crescer.
2. E-commerce de produtos artesanais
Com a popularidade das plataformas digitais, abrir uma loja virtual para vender produtos artesanais, como roupas, joias, cosméticos naturais ou decoração, pode ser uma ótima ideia.
Esse tipo de negócio permite que você trabalhe de casa e alcance clientes em todo o país, utilizando redes sociais e marketplaces como Etsy ou Elo7.
3. Negócios de alimentação saudável
A demanda por produtos alimentícios saudáveis está em alta. Você pode explorar esse nicho oferecendo marmitas fitness, produtos orgânicos ou até mesmo um serviço de delivery especializado em alimentação consciente.
Este é um setor promissor, especialmente para quem já tem paixão pela cozinha e quer transformar isso em uma fonte de renda.
4. Serviços de beleza e estética
Abrir um salão de beleza, um espaço de estética ou oferecer serviços como design de sobrancelhas, maquiagem e unhas são boas alternativas para quem deseja trabalhar de forma autônoma. Além disso, esse tipo de negócio pode ser iniciado em casa, com um investimento inicial mais baixo.
5. Produção de conteúdo digital
Criar blogs, vídeos para YouTube, ou até mesmo podcasts sobre temas de interesse, como empreendedorismo, maternidade, saúde ou moda, pode ser uma maneira de gerar renda.
O conteúdo digital pode atrair parcerias com marcas, gerar publicidade ou até mesmo a venda de produtos e serviços próprios.
Dicas práticas para o sucesso no empreendedorismo feminino
Se você está começando ou já é empreendedora, superar os desafios é fundamental para alcançar bons resultados. Confira algumas sugestões que podem ajudar nessa trajetória:
Estabeleça metas claras
Definir objetivos com clareza é o primeiro passo para o sucesso. Busque elaborar um plano de negócios que inclua metas de curto, médio e longo prazo para guiar seu crescimento.
Trata-se de um documento que detalha os principais objetivos da sua empresa e as estratégias para atingir os resultados desejados. O Sebrae RN disponibiliza diversas ferramentas e cursos gratuitos para ajudar no planejamento estratégico da sua empresa.
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Construa uma rede de apoio
Uma rede de apoio composta por outras empreendedoras e profissionais pode ser uma grande aliada. Além de promover a troca de experiências e aprendizado, essa rede fortalece a divulgação e o crescimento do seu negócio, aumentando as chances de sucesso.
Vale conferir a agenda de cursos e eventos do Sebrae para fortalecer o networking.
Faça do mundo digital seu aliado
A transformação digital oferece novas oportunidades para empreendedoras em diversos setores. Utilize redes sociais, e-commerces e outras plataformas digitais para expandir a visibilidade do seu negócio.
Ferramentas como Instagram Shopping, WhatsApp Business e Google Meu Negócio podem facilitar sua presença online e ampliar seu alcance.
Organize suas finanças
Uma boa gestão financeira é vital para a saúde do negócio. Manter as finanças organizadas, separando despesas pessoais das empresariais. Gerenciar o fluxo de caixa corretamente ajuda a evitar dívidas e a garantir um crescimento sustentável.
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Invista em inovação
Inovar é uma estratégia valiosa para se manter competitiva no mercado. Acompanhar as tendências e as novas demandas dos consumidores pode abrir caminhos para oportunidades. Mais do que seguir modelos, a inovação permite agregar valor, criar diferenciação e trazer relevância ao que sua empresa oferece.
Busque capacitação
O conhecimento é uma poderosa ferramenta para se destacar no mercado. Capacitar-se continuamente em áreas como gestão financeira, marketing digital e liderança é crucial.
Aproveite as oportunidades de cursos e mentorias oferecidos por instituições como o Sebrae, além de eventos de networking para empreendedoras. Conheça o programa Sebraetec RN!
Conclusão
Embora os desafios ainda sejam numerosos, as empreendedoras têm encontrado formas de se adaptar e prosperar. A digitalização dos negócios e as redes de apoio têm sido fundamentais para a superação dessas barreiras.
Negócios liderados por mulheres tendem a valorizar a diversidade, a responsabilidade social e a inovação, promovendo um impacto positivo que vai além do lucro financeiro.
Para as mulheres que estão começando sua jornada no empreendedorismo, é essencial buscar capacitação, apoio e estratégias que as ajudem a enfrentar os desafios com resiliência e criatividade.
Com as ferramentas certas, metas claras e um olhar voltado para a inovação, é possível não apenas iniciar, mas também consolidar um negócio de sucesso, contribuindo para um ecossistema empresarial mais inclusivo e igualitário.
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